Tecido mamário rígido em obesas pode elevar risco de câncer
Por: Jocelyn Kaiser
A direita: tecido da mama de
camundongos obesos tinha fibras colágenas mais reto do
que o tecido de ratos magros, uma diferença que pode promover o
crescimento do câncer.
Há
muito tempo se sabe que a obesidade torna as mulheres mais propensas
ao câncer de mama, mas as razões não são claras. Agora
pesquisadores descobriram que o tecido que envolve células do seio é
mais “rígido” em ratos e mulheres obesos, e que essa diferença
no tecido de roedores estimula o aumento de células cancerígenas.
Para mulheres, o estudo aponta que perder peso pode remodelar o
tecido de gordura e diminuir as chances de desenvolver câncer. Por
outro lado, a prática cada vez maior de usar a gordura de mulheres
obesas para cirurgia de reconstrução de seus seios pode apresentar
um risco que tem sido negligenciado até agora.
A
obesidade é em geral associada ao câncer, mas a ligação com o
câncer de mama é especialmente surpreendente: em um grande estudo
recente, as mulheres mais acima do peso apresentaram 58% mais riscos
do que mulheres com peso normal. Uma explicação é que tecido de
gordura produz estrogênio que pode alimentar o crescimento de
células cancerígenas no seio depois da menopausa, quando os ovários
param de fabricar estrogênio. Mas os mecanismos da armação que
envolve as células do seio — a matriz extracelular — também
podem ter sua importância.
Estudos
recentes com ratos descobriram que uma matriz extracelular mais
rígida desencadeia a produção de proteínas que promove o
crescimento de células cancerígenas no seio. Isso pode ajudar a
explicar porque mulheres com seios densos também apresentam maior
risco de desenvolverem câncer de mama. Outros estudos mostraram que
quando as pessoas se tornam obesas, seus tecidos de gordura tende a
construir bolsos fibrosos, como cicatrizes.
Esses
estudos não examinaram diretamente se esses bolsos fibrosos afetam
uma rigidez local do tecido do seio, e se essas mudanças levam a um
crescimento do câncer. Para explorar essa questão, uma equipe
liderada pela engenheira biomédica Claudia Fischbach, da
Universidade de Cornell, primeiro mostrou que ratos obesos fêmeas,
devido à genética ou a uma dieta com muita gordura, tinham mais
camadas de gordura mamária com fibras mais lisas de colágeno do que
aquelas vistas em ratos magros. Testes mecânicos mostraram que essas
fibras mais lisas refletiam uma matriz extracelular mais dura entre
células do seio. Os pesquisadores também descobriram um excesso de
miofibroblastos, um tipo de célula envolvida em cicatrização de
feridas que modela a estrutura de colágeno e outras proteínas da
matriz. Quando a equipe de Cornell cultivou células cancerígenas de
câncer humano de mama na matriz depositada por células derivadas da
gordura de ratos obesos, as células de câncer aumentaram mais
rápido do que fizeram na matriz das células de ratos mais magros.
Os
pesquisadores descobriram diferenças estruturais similares em
biopsias em tecidos de gordura de seios de mulheres obesas e magras,
relataram na Science Translational Medicine. Os resultados sugerem
que os bolsos de matriz mais rígida extracelular em seios de
mulheres obesas contribuem para o crescimento do tumor assim como
câncer mais agressivos, diz Fischbach: “As pessoas sempre acham
que tudo se trata de fatores solúveis, químicos. Essa interação
também tem a ver com parâmetros físicos.”
As
notícias não são más: quando a equipe de Fischbach colocou ratos
obesos numa dieta, seus tecidos mamários de gordura tinham menos
miofibroblastos, sugerindo que a perda de peso poderia tornar a
estrutura do tecido de gordura de uma mulher mais normal e diminuir
seu risco de desenvolver câncer. Ao mesmo tempo, o estudo levanta
questões sobre o uso da gordura de uma mulher de outra parte de seu
corpo para reconstruir seus próprios seios depois de uma
mastectomia. Tecido gorduroso de uma mulher obesa pode aumentar o
risco de volta do tumor, sugere Fischbach.
A
bioquímica Valerie Weaver da Universidade da Califórnia, San
Francisco, que conduziu estudos anteriores ligando a rigidez de
tecidos ao crescimento do câncer de mama, diz que o relatório é
“muito importante” porque descobre um novo mecanismo ligando a
obesidade com o câncer de mama. Mamografias normalmente não
conseguem detectar tecidos densos em mulheres obesas porque é
escondido por células de gordura, diz Fischbach. Os pontos pequenos
e localizados de tecido rígido encontrados no novo estudo não devem
ser alcançados, ela acrescenta. Então novos métodos de detecção
podem ser necessários para diagnosticar esses potenciais pontos
quentes geradores de câncer.
Fonte: http://news.sciencemag.org/health/2015/08/stiff-breast-tissue-obese-women-may-raise-cancer-risk
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