sexta-feira, 20 de novembro de 2015

"El Niño" muito forte deve elevar quedas de raios no

 Sudeste neste verão


Tempestade no rio em 2013. (Marcelo Carnaval)

por: Cesar Baima



  Um dos países mais atingidos por raios no mundo, com cerca de 60 milhões de descargas elétricas anuais, o Brasil deverá sofrer ainda mais com este fenômeno neste verão. Em um estudo inédito que relacionou a ocorrência de El Niños extremos, caracterizados por uma elevação da temperatura da superfície do Oceano Pacífico em mais de dois graus Celsius acima da média, como acontece desde julho, e o número de tempestades elétricas no país durante a estação desde 1950, pesquisadores do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) verificaram que a Região Sudeste e o estado do Mato Grosso do Sul devem esperar uma alta de 20% e 10% respectivamente na quantidade de tempestades com raios no verão 2015/2016 com relação ao ano passado.
Segundo os cientistas do Inpe, as análises indicam que enquanto a influência de um evento do El Niño moderado a forte, com anomalia da temperatura do oceano entre um e dois graus Celsius, no número de tempestades elétricas geralmente fica restrita à Região Sul, quando o aquecimento do Pacífico é maior a área afetada pelo aumento nos raios se estende até a faixa Centro-Sul do Brasil.
- A ideia de que o El Niño só provoca aumento das tempestades elétricas no Sul só é válida quando o evento é de moderado a forte – conta Osmar Pinto Júnior, coordenador do Elat. - Quando o evento é extremo, como estamos vendo desde julho, este cenário muda e a região atingida pela elevação na quantidade de tempestades elétricas se amplia para o Sudeste e parte do Centro-Oeste.
  Segundo Osmar, a alta esperada nas tempestades com relação ao ano passado é ainda mais significativa tendo em vista que seu número em 2014 já foi superior à média histórica registrada desde 1950. Além disso, dados da Rede Brasileira de Detecção de Descargas Atmosféricas (BrasilDAT) do trimestre agosto, setembro e outubro, já sob o efeito do El Niño extremo atual, confirmam esta tendência. Só no Sudeste, foram registradas 480 mil descargas elétricas atingindo o solo nestes três meses, contra 310 mil descargas no mesmo período de 2014, um aumento de 52%. Já no Sul, a elevação ficou em 60% no mesmo período de comparação.
- Apesar de serem relativos ao período de transição entre inverno e primavera, que não foi o foco de nosso estudo, a proximidade entre estes dois valores são condizentes com a observação de que a influência de um El Niño extremo sobre os raios se estende para além da Região Sul e tem impacto significativo também no Sudeste – destaca.
  De acordo com Osmar, a previsão deve servir de alerta para a população ficar mais atenta para as tempestades elétricas e se prevenir de possíveis ferimentos e prejuízos causados por elas. Ele conta que só no último domingo o grupo recebeu relatos de pelo menos três mortes provocadas por raios no país, duas no Paraná e uma em Brasília. Entre as recomendações dos especialistas está evitar falar ao telefone fixo (com fio) e não permanecer em locais abertos e descampados, praias ou dentro da água durante um tempestade elétrica.
-Este verão será um teste de nossos esforços para comunicar a população sobre os riscos e perigos das tempestades elétricas – considera Osmar. - Vamos ver o que vai acontecer, mas nossa esperança é que mesmo com mais tempestades e raios, a população se proteja mais e tenhamos uma diminuição no número de mortes neste verão.


Fonte: http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/el-nino-muito-forte-deve-elevar-quedas-de-raios-no-sudeste-neste-verao-18065033



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