"El
Niño" muito forte deve elevar quedas de raios no
Sudeste neste verão
Tempestade no rio em 2013. (Marcelo Carnaval)
por:
Cesar Baima
Um
dos países mais atingidos por raios no mundo, com cerca de 60
milhões de descargas elétricas anuais, o Brasil deverá sofrer
ainda mais com este fenômeno neste verão. Em um estudo inédito que
relacionou a ocorrência de El Niños extremos, caracterizados por
uma elevação da temperatura da superfície do Oceano Pacífico em
mais de dois graus Celsius acima da média, como acontece desde
julho, e o número de tempestades elétricas no país durante a
estação desde 1950, pesquisadores do Grupo de Eletricidade
Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe) verificaram que a Região Sudeste e o estado do Mato Grosso do
Sul devem esperar uma alta de 20% e 10% respectivamente na quantidade
de tempestades com raios no verão 2015/2016 com relação ao ano
passado.
Segundo
os cientistas do Inpe, as análises indicam que enquanto a influência
de um evento do El Niño moderado a forte, com anomalia da
temperatura do oceano entre um e dois graus Celsius, no número de
tempestades elétricas geralmente fica restrita à Região Sul,
quando o aquecimento do Pacífico é maior a área afetada pelo
aumento nos raios se estende até a faixa Centro-Sul do Brasil.
-
A ideia de que o El Niño só provoca aumento das tempestades
elétricas no Sul só é válida quando o evento é de moderado a
forte – conta Osmar Pinto Júnior, coordenador do Elat. - Quando o
evento é extremo, como estamos vendo desde julho, este cenário muda
e a região atingida pela elevação na quantidade de tempestades
elétricas se amplia para o Sudeste e parte do Centro-Oeste.
Segundo
Osmar, a alta esperada nas tempestades com relação ao ano passado é
ainda mais significativa tendo em vista que seu número em 2014 já
foi superior à média histórica registrada desde 1950. Além disso,
dados da Rede Brasileira de Detecção de Descargas Atmosféricas
(BrasilDAT) do trimestre agosto, setembro e outubro, já sob o efeito
do El Niño extremo atual, confirmam esta tendência. Só no Sudeste,
foram registradas 480 mil descargas elétricas atingindo o solo
nestes três meses, contra 310 mil descargas no mesmo período de
2014, um aumento de 52%. Já no Sul, a elevação ficou em 60% no
mesmo período de comparação.
-
Apesar de serem relativos ao período de transição entre inverno e
primavera, que não foi o foco de nosso estudo, a proximidade entre
estes dois valores são condizentes com a observação de que a
influência de um El Niño extremo sobre os raios se estende para
além da Região Sul e tem impacto significativo também no Sudeste –
destaca.
De
acordo com Osmar, a previsão deve servir de alerta para a população
ficar mais atenta para as tempestades elétricas e se prevenir de
possíveis ferimentos e prejuízos causados por elas. Ele conta que
só no último domingo o grupo recebeu relatos de pelo menos três
mortes provocadas por raios no país, duas no Paraná e uma em
Brasília. Entre as recomendações dos especialistas está evitar
falar ao telefone fixo (com fio) e não permanecer em locais abertos
e descampados, praias ou dentro da água durante um tempestade
elétrica.
-Este
verão será um teste de nossos esforços para comunicar a população
sobre os riscos e perigos das tempestades elétricas – considera
Osmar. - Vamos ver o que vai acontecer, mas nossa esperança é que
mesmo com mais tempestades e raios, a população se proteja mais e
tenhamos uma diminuição no número de mortes neste verão.
Fonte:
http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/el-nino-muito-forte-deve-elevar-quedas-de-raios-no-sudeste-neste-verao-18065033
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